É fácil confundir a biografia de Artur Agostinho com a história da rádio em Portugal. Ou com a história do futebol. Ou da televisão. Ou do cinema. Primeiro, foi locutor amador, num tempo em que a televisão ainda não existia. Depois, com 25 anos, entrou para a Emissora Nacional.
Na rádio, Artur Agostinho foi responsável pelo arranque do jornalismo desportivo. Tornou-se voz inconfundível nos relatos de futebol. Foi através dele que chegaram aos portugueses os golos de Eusébio no Mundial-1966. E sempre que havia algum desaire com a selecção nacional, até as pedras da calçada choravam. "Era como se se tivesse abatido sobre o povo português a pior das tragédias", recorda Ribeiro Cristóvão, jornalista da Rádio Renascença (RR), com quem Artur Agostinho trabalhou nos primórdios do desporto da RR, entre 1980 e 1983.
Artur Agostinho tinha acabado de regressar a Portugal, a seguir a um exílio de quatro anos no Brasil, depois de ter sido preso, a seguir ao 25 de Abril, acusado de compactuar com o antigo regime.
No Brasil, deu aulas, dirigiu um jornal português e entrou para a Rádio Globo, de onde trouxe uma nova maneira de fazer jornalismo desportivo. Foi ele quem importou, por exemplo, a moda dos anúncios cantados aos comentadores. "Ainda não existia o jornalismo desportivo na Renascença, pelo menos de forma autónoma. Foi aí que surgiu o "Bola Branca" e passámos a ser a rádio mais ouvida. A certa altura, ele foi a rádio", acrescenta Ribeiro Cristóvão. Pelo meio, Artur Agostinho ainda deixou uma marca inconfundível nos relatos da Volta a Portugal em bicicleta.
Do desporto, passou à informação. Da informação passou ao teatro na rádio. Da rádio, passou à televisão. Tornou-se figura assídua nos ecrãs nacionais desde o começo das transmissões, em 1957. Foi comentador, apresentou o primeiro concurso português - "Quem Sabe, Sabe" - e foi actor em séries como "Ana e os Sete" (2003) ou "Casa da Saudade" (2000). Antes, fez dupla com Camilo de Oliveira na série "O Senhor que se Segue". Da televisão, Artur Agostinho passou ao cinema. Contracenou com Amália no filme "Capas Negras" (1947). Mas do currículo de actor constam ainda filmes como "O Leão da Estrela" (1947) ou "Cantiga da Rua" (1950), entre outros - em que contracenou com Laura Alves, Milú ou António Silva. Mais tarde, daria continuidade à carreira de actor com participações em novelas.
Pelo meio, Artur Agostinho ainda teve tempo para "amar" o Sporting e dirigir o jornal "Record", entre 1963 e 1974. "A família sportinguista está mais pobre", referia ontem uma nota da Associação de Adeptos Sportinguistas, que classificava Artur Agostinho como "um dos mais emblemáticos sportinguistas de todos os tempos". Já António Magalhães, director-adjunto do "Record", sublinhava, à Lusa, a tenacidade do comunicador: "Nunca perdeu o espírito jornalístico que o lançou na área", disse. Além de tudo, o radialista ainda escreveu vários livros, como os romances "Ninguém morre duas vezes", "Abutres" ou "Bela, Riquíssima e, além disso, viúva".
Artur Agostinho, que foi entrevistado há duas semanas por Manuel Luís Goucha, foi homenageado no ano passado na XV edição dos Globos de Ouro da SIC com o Prémio Mérito e Excelência. Em Dezembro, três dias depois de fazer 90 anos, recebeu, das mãos de Cavaco Silva, a comenda da Ordem Militar de Sant''Iago da Espada. Artur Agostinho comemorava então 72 anos de carreira - sempre dividido entre a "família da comunicação social" e os "rapazes do futebol". No final, no Palácio de Belém, deixou um recado aos amigos do Facebook: pediu desculpa por não poder "passar o tempo todo" a falar na internet. Sobre a vida e a carreira, limitou-se a dizer: "Não tenho reclamações a fazer." Afinal, fez sempre tudo o que gostou.
Artur Agostinho morreu ontem, aos 90 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa - a mesma cidade onde nasceu, no dia de Natal de 1920. Hoje, às 14h15, realiza-se uma missa de corpo presente na igreja S. João de Deus, seguida do funeral, que sairá para o cemitério de Benfica.
O candidato à presidência do Sporting, Pedro Baltazar, considera que a morte de Artur Agostinho significa a perda de uma referência para o Portugal e para o universo leonino.
Em comunicado, o candidato deixa «o pesar e a sentida homenagem a alguém que soube, em todas as questões em que se empenhou, ter primado pelo carácter e pela dignidade».
«Para nós, sportinguistas de Leão ao peito, é a perda de uma referência com a qual nos habituamos a conviver e a considerar. Artur Agostinho não desaparecerá e estará sempre no pensamento e coração de todos os portugueses», prossegue Pedro Baltazar, deixando ainda um voto de pesar à família do jornalista e actor, bem como ao universo leonino.
O candidato revela ainda que irá propor «a justa homenagem a um grande vulto do clube» de Alvalade.
Várias figuras incontornáveis da sociedade portuguesa prestaram uma última homenagem ao comunicador, que morreu ontem em Lisboa.
Um mar de gente assistiu hoje ao funeral de Artur Agostinho, que se realizou no cemitério de Benfica, em Lisboa. Várias figuras públicas assistiram à cerimónia fúnebre e à missa que a antecedeu, na Igreja São João de Deus.
"Um pai. Não quero dizer mais nada", comentou Júlio Isidro, visivelmente consternado. Além do apresentador, marcaram presença nomes como António Sala, Dias Ferreira, Maria Borges de Castro, Nuno Santos, Sousa Cintra, Ribeiro Cristóvão, Glória de Matos, José Raposo e Henrique Garcia, entre muitos outros.
Já durante a noite de ontem e a manhã de hoje várias figuras incontornáveis da rádio, da televisão, do desporto e da política nacional fizeram questão de se deslocar à capela daquela igreja para prestarem a sua homenagem ao comunicador.
Artur Agostinho morreu ontem, aos 90 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Um momento do inesquecível Portugal - Coreia no Campeonato do Mundo de 1966
Entrevista dada ao SOL em Novembro de 2010, perto de completar 90 anos.
Consegue dizer qual foi o golo mais emotivo que relatou?
Tive vários golos emotivos. Embora seja assumidamente sportinguista, grande parte da minha carreira como relator desportivo foi feita a acompanhar o Benfica na sua saga europeia, que foi das coisas mais notáveis dos anos 60. Tenho uma grata recordação dos anos 60, que considero os anos de ouro do futebol português. Foi o Benfica que emergiu da vulgaridade portuguesa, o Sporting na Taça das Taças e, em 1966, o Campeonato do Mundo em Inglaterra. Mas, para responder à sua pergunta, tive de facto golos que me deram muito prazer relatar, nomeadamente nos jogos do Benfica na Taça dos Campeões Europeus. O Eusébio, o Zé Augusto, o Coluna, o Torres e o Simões proporcionaram-me momentos de grande euforia como relator.
Não há um golo que recorde de forma mais especial?
Talvez os golos do Eusébio com a Coreia do Norte, no Mundial de 1966. Qualquer um deles. E há outro golo do qual me recordo muito bem. Curiosamente um golo marcado pelo Benfica ao Sporting, numa final da Taça de Portugal. O Rogério Pipi, depois de ser perseguido durante uns 30 metros pelo Passos, defesa-central do Sporting, marcou o golo que deu ao Benfica uma vitória por 5-4. Esse golo e esse jogo foram dos mais emotivos que relatei.
Mas esse golo foi mais azia do que alegria.
Sim, mas, integrado no jogo, eu funcionava pouco como adepto e mais como jornalista. Esse golo do Rogério, embora me tivesse revoltado o Passos não ter feito uma falta cirúrgica para travar a jogada, foi um grande golo.
E há o golo do Morais que deu a vitória ao Sporting na Taça das Taças, em 1964.
Sim, mas foi um golo que quase não se deu por ele. Houve aquele canto, a bola foi direita à baliza, o guarda-redes fez-se ao lance e a bola entrou directamente. Foi um golo mais frio, sem aquele crescendo natural do relato, mas um golo muito importante.
Chorou muitas vezes, de alegria ou de tristeza, com o futebol?
Chorar? Não, nunca chorei.
Nunca?
Nunca. Senti por vezes a azia da derrota da minha equipa, mas sempre pendurei o emblema à entrada da cabine de reportagem ou junto à linha lateral. Só regressava às minhas raízes clubísticas depois de o jogo acabar. Mas fui sempre um adepto um pouco frio. Era capaz de aplaudir um golo bonito de um adversário e não aplaudir um golo decisivo da minha equipa. Creio que atingi essa frieza pela necessidade profissional de relatar com isenção.
Como começou a ver futebol?
Apesar de ser sportinguista, comecei por ir ver o Benfica, ainda no campo das Amoreiras. Ia com o meu irmão. Ir ao Sporting era difícil porque o meu pai não me deixava ir sozinho para o Lumiar.
Por que se tornou sportinguista?
Não sei, não sou capaz de explicar. Talvez seja uma coisa genética, reforçada pelo espírito de contradição em relação ao meu irmão, que era benfiquista.
O seu primeiro relato foi no final da década de 40.
Sim, num Benfica-Porto, no Campo Grande, na velha estância de madeiras. Aconteceu por acaso. O Alfredo Quadro Raposo, que era o locutor desportivo da Emissora Nacional, foi fazer o torneio de Montreux em hóquei em patins e não conseguiu apanhar o avião de volta. Então o Adolfo Simões Müller, que era nessa altura assistente literário da Emissora, lembrou-se que eu poderia fazer o relato. Resisti heroicamente a esse desafio, mas acabei por ceder e gostei. Conhecia bem os jogadores, acompanhava o futebol todas as semanas e, por isso, não tive dificuldade.
Lembra-se do resultado?
Sei que ganhou o Benfica, mas não me lembro do resultado nem do ano exacto.
Claro que há gigantescas diferenças entre o futebol desse tempo e o de hoje.
Sim. Embora haja muita gente que defenda que não, que o futebol é igual, imutável e que as regras são as mesmas, é mentira. As regras foram mudando e as condições dos jogadores também. É por isso que me recuso sempre a fazer comparações entre essa época e os nossos dias. Mudou muita coisa. Os equipamentos mudaram, o peso das botas mudou, os terrenos passaram de pelados a relvados, a preparação física passou a ser mais cuidada, a alimentação.
E a beleza do jogo? Mudou?
Cada jogo tem a sua beleza. Depende da forma como os jogadores e os treinadores encaram os jogos. O espectáculo depende muito das estratégias adoptadas.
Muitas vezes também se fala das diferenças ao nível do fair play.
Havia jogos com fair play, mas sempre foi uma coisa muito condicionada pelas circunstâncias e pela importância do resultado. Diria que talvez houvesse mais pureza, uma pureza às vezes inconsciente. E havia, sobretudo, um sentimento de cumplicidade profissional entre os jogadores. Perdiam, mas no fim dos jogos iam para o Parque Mayer celebrar numa grande ceia com as coristas do Maria Vitória ou do Maria Matos.
Nessa época, final da década de 40 e início da década de 50, como era o seu dia-a-dia?
Muito preenchido. A rádio lançou-me para outras actividades. Comecei a ser solicitado para a imprensa desportiva, para a publicidade, entrei no cinema, surgiu a televisão. Tinha uma actividade muito dispersa e o tempo muito preenchido, mas sempre tive a felicidade de trabalhar no que gostava. Sentia-me feliz. Talvez tenha vivido pouco aqueles prazeres absolutos, mas, para mim, o grande prazer era trabalhar.
Coisa que continua a fazer...
Sim. O trabalho é a grande ajuda para a manutenção da minha forma. Hoje entrego-me à escrita, que é uma coisa que posso fazer mais tranquilamente. Felizmente a memória não me tem faltado. No dia em que não tiver memória a coisa começará a dar para o torto. A idade não importa desde que se tenha memória.
Artur Fernandes Agostinho (Lisboa, 25 de Dezembro de 1920 — Lisboa, 22 de Março de 2011) foi um jornalista, radialista, escritor e um premiado actor português.
Artur Agostinho | |
---|---|
Nascimento | 25 de Dezembro de 1920 Lisboa, Portugal |
Morte | 22 de Março de 2011 (90 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Actor, jornalista, radialista, escritor |
Apresentou o primeiro concurso da televisão portuguesa, o "Quem Sabe, Sabe", e participou em programas como "O Senhor que se Segue", "No Tempo Em Que Você Nasceu" e "Curto-Circuito" e ainda nas séries e telenovelas:
Participou nos filmes Cais do Sodré (1946), O Leão da Estrela (1947), Capas Negras (1947), Cantiga da Rua (1950), Sonhar é Fácil (1951), O Tarzan do 5º Esquerdo (1958), Dois Dias no Paraíso (1958), O Testamento do Senhor Napumoceno (1997) e A Sombra dos Abutres (1998).
Foi agraciado com a Comenda da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 28 de Dezembro de 2010.
Fez parte do departamento desportivo da Rádio Renascença, nos anos 80 do Século XX, depois de ter sido um dos mais brilhantes relatores desportivos de sempre aos microfones da Emissora Nacional de Radiodifusão.
Foi proprietário de uma agência de publicidade, a Sonarte, e jornalista. Dirigiu o diário desportivo Record, entre 1963 e 1974, tendo regressado ao jornal como colunista e patrono do prémio destinado a premiar o desportista do ano, em 2005. Entretanto, foi também director do Jornal do Sporting.
Escreveu o livro «Português sem Portugal» (1977), e em 2009 lançou o livro «Bela, riquíssima e além disso ...viúva».
Morreu a 22 de Março de 2011, com 90 anos de idade, no Hospital de Santa Maria onde estava internado já há uma semana. O corpo do comunicador irá ainda durante o próprio dia para a capela da Igreja São João de Deus, em Lisboa.
Artur Agostinho, que, durante os seus 90 anos de vida, foi jornalista, locutor, apresentador, colunista e até actor, morreu ontem, terça-feira, depois de uma semana de internamento, no Hospital de Santa Maria.
A notícia chegou rápido à Internet e deu origem a diversas homenagens no mural do perfil de Artur Agostinho. Um dia depois, já existe, até, um evento no Facebook, que pretende dar a Lisboa uma rua com o nome do antigo locutor da Emissora Nacional.
Para além deste evento, uma petição também já foi criada.E se a petição ainda tem poucos signatários, a página do evento já tem mais de três mil de adesões confirmadas.
Miley Cyrus, Jessica Alba, Selena Gomez e Scarlett Johansson são algumas das 50 figuras que viram os seus iPhones atacados por piratas informáticos.
O pior é que, nos telemóveis, as estrelas tinham fotos suas nuas. O FBI já está a investigar o caso.
À falta de melhor, os paparazzi fotografaram o umbigo à mostra da actriz quando esta passeava pelas ruas de Beverly Hills, na Califórnia |
A actriz americana e produtora de documentários Virginia Madsen chamou as atenções dos fotógrafos ao sair à rua de umbigo à mostra.
Os paparazzi 'apanharam' a loira, de 49 anos, a passear pelas ruas de Beverly Hills, na Califórnia, com uma camisa curta bastante aberta à frente.
Virginia Madsen, que chegou a ser umas das grandes estrelas de Hollywood em meados da década de 80, foi nomeada em 2005 para um óscar da Academia, na categoria de Melhor Actriz Secundária, pelo seu desempenho na premiada comédia dramática ‘Sideways’.
A manequim Ana Rita Rocha tem 31 anos e é fundadora da agência ‘Just Models Academia’. Eis alguns dos seus segredos:
- Em criança o que queria ser?
- Veterinária.
- Motivo de arrependimento?
- Não fazer o necessário para seguir o meu sonho.
- Se traísse contava?
- Depende da situação.
- Se fosse traída queria saber?
- Tenho de responder da mesma maneira: depende da situação.
- Ainda se lembra como foi o primeiro beijo?
- Recordo-me que o meu primeiro beijo foi por volta dos 16 anos. Esse beijo foi muito inexperiente, mas bastante especial.
- Local mais exótico onde fez amor?
- Na praia.
- Qual a parte do corpo de que mais gosta?
- Gosto das minhas pernas. Porque são altas e magras.
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